Dar nome às coisas muitas vezes aparenta ser uma empreitada desafiadora. Seja nomeando uma empresa, um livro, um animal de estimação ou até mesmo um filho; buscamos algo que seja original, que faça alusão a alguma característica interessante, algo que tenha força e significado. Sempre achei uma arte conceber um nome que traz em si alguma sacada inteligente ou uma interpretação bem alinhada ao propósito da coisa. Apesar de ter isso em mente, o “batismo” do blog aconteceu de maneira um tanto rápida e inusitada.
Em uma bela manhã, em meados de 2020, acordei com o nome “Esclare.ser” na cabeça. Ele surgiu em meio a um sonho, bem durante aquela fase transitória que temos logo antes de acordar. Na época a ideia de criar um blog era apenas uma sementinha que pairava em meu inconsciente. Logo de início o nome ganhou minha atenção. Apesar de não saber o que fazer com ele, senti familiaridade e afeição pela alcunha, além de achá-la uma ótima sacada. Anotei-o e decidi guardá-lo para um momento mais oportuno.
Meses mais tarde, quando decidi montar o blog e entendi meus objetivos e propósitos envolvendo o projeto, o nome caiu como uma luva. Visto que acho importante a explanação de elementos simbólicos, gostaria de compartilhar um pouco a respeito dos componentes que formam o nome “Esclare.ser”, bem como o logo do blog. Sei que num primeiro momento pode causar uma dissonância cognitiva o som da palavra “esclarecer” grafado com a letra “s”, mas prometo que é uma questão de tempo até se acostumar.
Os elementos de grafia
“Esclare.ser” traz uma proposta de claridade, de confiança no ser. Um jogo de palavras cuja pronúncia nos remete ao conceito de esclarecimento, mas que traz em sua grafia a alusão ao verbo “ser” ou ao substantivo, como em “ser humano”.
1. “Esclare”
Representa a clareza, o discernimento e a sabedoria. No caso, trazer o esclarecimento a respeito de diversos temas ligados a espiritualidade, autoconhecimento e terapias energéticas. É a luz da Consciência, a luz da realidade última que tudo permeia e que dissipa qualquer traço de ilusão, promovendo a desconstrução de crenças e ideias distorcidas.
2. “Ser”
“Ser” é a consciência a nível transpessoal. É ir além do “parecer”, é manifestar nossa essência não-dual em meio às dinâmicas da vida. É também ser aquilo que se aprendeu, trazer para aplicação prática e manifestar na vida cotidiana os conhecimentos adquiridos no caminho espiritual. É estar em atividade e viver o mundo sem se confundir com ele. “Ser” traz em si a noção de que a plenitude não é uma questão de lugar, de “estar”, mas algo interno.
Logo e elementos visuais
Ao olharmos para o logo do blog, imediatamente nos salta aos olhos a presença de dois símbolos:
1. Triângulo
O primeiro deles é o triângulo – e não é por acaso que ele circunda o “ser”. O triângulo representa a tríade superior, os veículos de manifestação da consciência individualizada que correspondem a nossa essência imortal, o “ser de verdade”. O triângulo apontado para cima é um símbolo cuja utilização em diversas tradições tem ligação com o divino, com a convergência para a unidade, e faz alusão a uma série de tríades.
Além disso, o triângulo aqui pode ser visto também como um prisma. É através dele que a Luz única da verdade se refrata e se manifesta no mundo de maneira heterogênea, com as belezas e particularidades de cada cultura. Ele nos lembra que é através da síntese, da reunião de todas as “cores” (culturas e religiões), que conseguimos vislumbrar a Luz da realidade última, que é uma só. Nos lembra de buscar o ponto inicial de unidade por trás das aparências relativas do mundo.
2. Folha de Faia
Ao fundo, em marca d’água, dentro do triângulo, está uma folha de Faia. A Faia é uma árvore pela qual senti afinidade desde o momento em que a conheci. Gosto do seu porte frondoso e da intensa coloração amarela que suas folhas adquirem no outono. Durante o processo de criação, fui intuitivamente levado a escolher a folha da faia como elemento visual. Ao relembrar o significado dessa árvore, percebi que ela tinha tudo a ver com a proposta do blog.
A Faia é uma árvore caduca nativa do centro da Europa. Tem um porte imponente e longevidade expressiva, podendo viver até 300 anos. Dentro da cultura celta e do Druidismo, a Faia é uma árvore associada ao entendimento de sabedorias antigas, ao estudo e à criatividade. Sua energia se relaciona com o processo de criar, adaptar e reintegrar conhecimentos ancestrais ao momento presente, dando-lhes utilidade em situações diárias.
A Faia também sugere uma forte conexão com a escrita e alfabetização. Há uma série de evidências que correlacionam as etimologias das palavras “Faia” e “Livro” dentro das línguas de família Indo-Europeia, mais precisamente as de origem germânica. Sugere-se que os primeiros livros na região foram feitos a partir da madeira dessa árvore. “Boc” era a palavra para Faia no inglês antigo, e mais tarde essa palavra se tornou “book”. No alemão, um parente próximo do inglês, usa-se “buche” para Faia, que mais tarde se tornou “buch” (livro). Um outro exemplo, “bok” em sueco se refere tanto à Faia quanto a um livro.
Ou seja, a folha da Faia como símbolo dentro do logo é uma representação das propostas do blog: preservar o conhecimento e integrá-lo ao contexto atual através da escrita e da expressão criativa, transmitindo e divulgando uma mensagem específica.
A união de todos esse elementos compõe a identidade e a energia do Esclare.ser. Ela agrega em si de maneira precisa os valores, ideais e propósitos envolvidos na criação e do blog. O mais bacana e interessante disso tudo foi poder enxergar a facilidade e a naturalidade com que os diferentes elementos surgiram e se encaixaram com precisão. De maneira muito fluida e espontânea, se aglutinaram até formar o que hoje podemos chamar de Esclare.ser.
Caso ainda não tenha lido a respeito do projeto, confira aqui!
Até a próxima!
